CBF, cadê o(a) coordenador(a) do futebol feminino que deveria estar aqui?
- Raffa Carolina
- 12 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Depois de mais um mês da renúncia de Marco Aurélio Cunha do departamento de futebol feminino, a entidade não se pronuncia sobre um novo nome para comandar a modalidade à nível nacional

Foto: Reprodução/ Site da CBF.
No último dia 3 de Junho, há 39 dias atrás fãs, produtores de conteúdo e jornalistas foram surpreendidos com a saída de Marco Aurélio da CBF. De acordo com Cunha, o motivo de sua planejada saída da maior entidade do futebol nacional foi para formalizar a sua candidatura para a eleição à presidência do São Paulo, reunião esta que ocorre em Dezembro.
Prestes a voltarmos com as competições do futebol feminino- 26 de Agosto para o Campeonato Brasileiro Feminino A1 e possivelmente no final de Setembro a A2-, ainda não temos um coordenador e decisões sobre a volta do futebol feminino já estão sendo tomadas por diversos colaboradores que se encontram dentro da CBF.
Apesar de querermos a volta, acreditamos que neste momento não é a hora certa para que retorne com o futebol feminino, pois as atletas, comissões técnicas e clubes passam por um momento delicado- das 52 equipes que disputam a primeira e a segunda divisões temos a notícia que apenas 4 delas mantiveram o pagamento das atletas sem redução: Palmeiras pela A1, Athletico Paranaense, Bahia e Goiás pela A2.
As demais equipes ou não efetuaram o pagamento da forma correta do auxílio concedido pela entidade- que foi de 120 mil reais para os clubes da primeira divisão (A1) e 50 mil reais para os da segunda divisão (A2). O que sabemos e que nos foi noticiados, Vitória não realiza o pagamento desde o início do ano, muito antes do início da pandemia do novo Coronavírus. Aliás, a diretoria do Vitória reflete a misognia e machismo que ainda são muito comuns tanto no futebol masculino, mas principalmente no futebol feminino.
Em entrevista à Rádio Sociedade, o dirigente do clube baiano declarou que com os 150 mil recebidos, ele "faz com o dinheiro que quiser e assume responsabilidade pelos atos". Ou seja, indica-se que o pagamento não foi realizado às atletas ( um dinheiro, que é delas por direito) e possivelmente não será feito por um bom tempo. Ele acredita que o dinheiro pertence ao Vitória, sendo que na verdade é do time e do departamento de futebol feminino do clube baiano.
Ou seja, além de escancarar uma situação que já era comum no futebol feminino brasileiro, a CBF e os próprios clubes ainda tem muitas coisas a se resolverem, algo que poderia ser facilitado com um coordenador ou coordenadora na modalidade dentro da própria entidade.
Além do fato de termos muitas pendências com os clubes, neste final do ano, mais precisamente em Outubro e Novembro, as equipes de base (sub-20 e sub-17) estarão disputando as competições de base sul-americanas, que valem vaga para os respectivos mundiais que ocorrem no início de 2021.
Como é que as comissões técnicas se organizarão com a rotina de treinamentos se ao menos possuem um caminho a ser seguido. Sem contar o fato de que todas elas, sem exceção estão treinando em casa e retornarão para o restante da temporada nas próximas semanas, mas com um ritmo completamente diferente de quando pararam, há 4 meses atrás.
Como a CBF quer voltar com competições, treinamentos e demais pontos que refletem na evolução e continuação do futebol feminino no Brasil, mas não anunciam uma pessoa a ocupar o cargo de coordenador da modalidade. Neste momento, é da mais extrema urgência para que mais decisões que cabem à coordenação do futebol feminino sejam tomadas. Decisões estas que refletem para a evolução, crescimento e fomento da modalidade à nível nacional.
Não é querendo se candidatar à Copa do Mundo sem ter as mínimas condições nas equipes que vai se resolver o nosso problema. Nós precisamos, na verdade, nós necessitamos para ontem um coordenador de futebol feminino dentro da CBF.
Se queremos estar entre as 10 melhores seleções no Ranking da FIFA, ter chances reais de levar o primeiro mundial para casa e no próximo ano ter chances reais nas Olímpiadas precisamos começar a realmente colocar dentro da entidade profissionais apaixonados pelo futebol feminino e que queiram um futuro melhor.
Não falamos em nome x ou y, sim, sabemos que tem muitas pessoas competentes que merecem a vaga, mas espero que a CBF queira fazer algo e o mais rápido possível. Precisamos neste momento tão caótico para o futebol feminino uma luz no fim do túnel. Para assim estarmos como a Marta falou na eliminação do Brasil nas Oitavas de Final da Copa do Mundo: "Chorar agora para sorrir depois".
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