Em 2020, o discurso continua o mesmo
- Raffa Carolina
- 14 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
"Alguém faça alguma coisa pelo futebol feminino brasileiro", essa frase do Galvão continua fazendo sentido em 2020, mesmo com uma pequena evolução no país da modalidade

Foto: Reuters.
Aquele ouro no Pan de 2007 ainda representa muita coisa depois de mais de uma década, ainda mais em um momento em que vemos problemas semelhantes ao que encontramos naquele ano. Mesmo que temos uma liga mais competitiva e mais oportunidades para as atletas, vemos que algumas ainda enfrentam preconceitos e difculdades ainda em 2020.
A partir do momento em que vemos o Galvão Bueno repetindo fervorosamente de alguém faça alguma coisa para o futebol feminino que as jogadoras tem talento e o que falta é o investimento necessário e o apoio e a melhor divulgação de uma modalidade que tem todo o potencial.
Jogadoras que deram todo o sangue em campo diante de uma das melhores seleções do mundo, e mesmo com quase 0 investimento conseguiram se tornar a melhor seleção que vimos em campo, isso foi um recado: apoiem o futebol feminino, que só com a torcida acompanhando, pedindo e protestando que podemos fazer a diferença.
Em 2019, após a eliminação da seleção brasileira nas oitavas de final Marta finaliza com "Chorar agora para sorrir depois", só me faz relembrar a situação de 2007. Me fez lembrar de 2007, porque as federações e confederações tiveram todas as oportunidades de fazer o melhor para a modalidade e fizeram o mínimo possível com cara de: "Olha eu fiz isso, não está bom?".
Não isso é o mínimo que você pode fazer,sabendo que você pode fazer mais. Neste momento muito delicado em que o futebol vive, vemos os clubes recebendo o dinheiro para auxiliar a manter as atletas, este dinheiro não é repassado as mesmas e, quando as jogadoras vão denunciar podem sofrer ou serem perseguidas ou verem seus contratos serem suspensos ou serem demitidas.
Tivemos algumas mudanças positivas, mas vendo que muitas atletas, na verdade a maioria absoluta delas não é considerada profissional e recebe apenas um auxílio ou uma bolsa com um pequeno valor, vimos que todo o recado de grandes atletas tiveram pouco ou quase nenhum efeito para as autoridades responsáveis.
Pois quem realmente sabe o que está acontecendo dentro e fora dos gramados é quem vive a realidade diária, ou seja, a comissão técnica e as jogadoras. Não é somente falar A, B ou C achando que isso vai fazer toda a diferença, sendo que a palavra não vai fazer toda a diferença, o que vai mudar a realidade de milhares de jogadoras é a ação.
Ou seja, para que possamos ver uma outra situação no futebol feminino precisamos mudar a forma como a modalidade é encarada, para que assim possamos desenvolver cada vez mais novas atletas e possamos mudar a realidade de que muitas jogadoras vivem agora.
E, assim, daqui há 10, 15 ou 20 anos não podemos ver frases como estas de Galvão ou Marta e percebemos que ela continua fazendo sentido no futebol feminino. Portanto, além dos clubes se engajarem para melhorar a estrutura e a realidade, precisamos de mais mobilização por parte das autoridades responsáveis.
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